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Cenário de retração da atividade industrial é prejudicial ao investimento em inovação

05/08/2015


Não é novidade que o setor produtivo vem sofrendo bastante com as condições econômicas desfavoráveis dos últimos meses. Dados coletados em junho pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontam queda no nível de emprego e das horas trabalhadas, por exemplo. Assim, a tendência é que, caso não haja uma reviravolta inesperada, o encolhimento do setor passe de 9% neste ano, na comparação com 2014.

Entretanto, o problema é ainda maior. As condições macroeconômicas se transformaram em um risco também para o desenvolvimento de inovações no Brasil. Segundo o gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flavio Castelo Branco, investir em inovação atualmente é um risco grande para o empresário.

"O problema é que inovação exige recurso, precisa de investimento. Uma empresa com dificuldades com a sua operação corrente, com baixa confiança, com baixa operação no seu parque fabril, tem poucos incentivos para investir em inovação, porque ela é uma atividade de mais risco ainda que os investimentos produtivos. Então, há toda uma preocupação especial e adicional com a inovação, porque a gente sabe que, no longo prazo, é o que vai permitir você ter ganhos de produtividade e de competitividade”, afirmou o dirigente em entrevista coletiva na sede da CNI, em Brasília (DF).

A questão da competitividade, inclusive, é vista também com bastante preocupação. Na opinião de Castelo Branco, a perda deste índice vem comprometendo o desempenho da indústria e é necessária a adoção de uma série de medidas que permitam recuperar o nível de competição do setor produtivo.

"A grande dificuldade que nós temos é a nossa competitividade. Está caro produzir no Brasil. Temos que ter uma agenda voltada para a recuperação da competitividade brasileira, redução de custos sistêmicos, de custos privados através do aumento de produtividade. Basicamente, é uma agenda de melhoria da competitividade, do aumento de produtividade da economia brasileira e atuar na recuperação da confiança, na melhoria do ambiente de negócios, que com essa confiança em baixa como se encontra, há pouco estímulo para que empresários realizem investimentos, que é sempre uma atividade de algum risco”, elencou.

O gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da CNI destacou ainda que o setor empresarial tenta se adaptar para recuperar parte da competitividade. Os níveis de produção no segundo semestre deste ano caíram, mas em menor percentual na relação com as horas trabalhadas, segundo os Indicadores Industriais da CNI. Castelo Branco afirmou que este é o caminho para tentar a recuperação da competitividade neste momento de crise econômica.

Previsão de queda

Ainda que haja iniciativas positivas, o quadro geral para este ano é pessimista. As perspectivas de faturamento e de nível de produção permanecem negativas para o restante de 2015. O primeiro item tem dados alarmantes. De acordo com o estudo da CNI, caso o nível de faturamento real se mantenha estável até dezembro, haverá uma contração de 9,2% na comparação com 2014.

"Isso se não houver uma reversão. E não há sinais disso”, destacou Flávio Castelo Branco.

Ainda assim, novas quedas nos indicadores são esperadas. Porém, em proporção menor que as registradas no primeiro semestre de 2015.

Fonte: Agência Gestão CT&I - 04/08/2015