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Abinee discute Internet das Coisas no Brasil

30/04/2014


A Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) deu um passo histórico nesta terça-feira, dia 29 de abril de 2014, quando resolveu, segundo o convite para o encontro, "dar especial atenção às novas tecnologias definidas como padrão no Brasil no segmento de Internet das Coisas (Internet of Things ou IoT), com foco nos setores de transportes, logística e outras aplicações que se baseiam nestas plataformas". O evento atraiu perto de 50 pessoas ao auditório da entidade na avenida Paulista, em São Paulo (SP), entre associados, autoridades governamentais e representantes de institutos de tecnologia.

O principal caso apresentado foi o do Brasil-ID, sistema baseado na tecnologia de identificação por radiofrequência (RFID) e outras de comunicação sem-fio, que visa a estabelecer um padrão único para rastreamento e verificação de autenticidade de produtos e documentos fiscais em circulação pelo país (leia mais em Brasil-ID publica Manual de Operações do Contribuinte).

O projeto foi desenvolvido por meio de um acordo de cooperação técnica entre o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), a Receita Federal e os Estados da União, por intermédio de suas Secretarias de Fazenda. A coordenação é do Centro de Pesquisas Avançadas Wernher von Braun e Encontro Nacional de Coordenadores e Administradores Tributários Estaduais (Encat).

A Abinee realizou o evento com o objetivo de expandir o mercado de fornecedores e clientes dos sistemas que estão sendo implantados em todo o Brasil. Segundo o diretor do Instituto Wernher von Braun, Dario Sassi Thober, instituição responsável pelo desenvolvimento técnico do projeto Brasil-ID e também do Sistema Nacional de Identificação Automática de Veículos (Siniav) – leia mais em Siniav pode ser implantado em breve –, a tecnologia pode ser vista como uma forma de combater o chamado "Custo Brasil", aumentando a segurança de pessoas, veículos e cargas.

"Teremos 50 bilhões de dispositivos conectados nos próximos anos, de acordo com operadoras de telefonia. Esse crescimento do movimento de dados deve ocorrer de modo muito mais rápido, com muito mais velocidade", informou Thober.

Segundo ele, o desenvolvimento dos protocolos RFID para os projetos Siniav, do pedágio Ponto-a-Ponto da Artesp (leia mais em Projeto com RFID pode tornar pedágio mais justo nas estradas de São Paulo) e Brasil-ID teve início com uma discussão sobre criar ou não regras brasileiras, o que acabou evoluindo para um padrão local para levar para fora do país. "Uma funcionalidade adicional de segurança que criamos sobre o padrão EPC Gen2, da GS1, está sendo usada para o novo padrão mundial Gen2v2", afirma Thober. "O protocolo brasileiro recebeu investimentos da Intel e Intermec by Honeywell por ter possibilidade de internacionalização".

O Brasil-ID representa modernização, na opinião do executivo do Instituto Wernher von Braun, mostrando o potencial de combate ao roubo de cargas. "Com o sistema, o consumidor final poderá ter certeza de que aquele produto que está adquirindo não é uma falsificação. Além disso, devido ao risco de roubo, apenas quatro seguradoras do país aceitam fazer seguros de cargas", acrescenta. "Soma-se ainda o fato que, ao inserir as informações sobre identificação das cargas nos sistemas, estes mesmos dados podem servir para otimizar processos internos das empresas".

Thober informou que o Brasil-ID já está em operação nos chamados três Corredores Fiscais. O Corredor 1 envolve as regiões Sudeste, Centro-Oeste e Norte, com os Estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiânia, Tocantins, Maranhão, Pará e Amazonas. O Corredor 2 agrega Sul e Nordeste, com os Estados de Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará. E o Corredor 3 interliga Sudeste e Norte, com os Estados de Rio Grande do Sul, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Roraima e Amazonas.

"O Siniav e Brasil-ID usam a mesma infraestrutura, com padrão nacional. Fizemos pilotos sobre o que significaria a tecnologia para um processo de exportação de carne. No despacho aduaneiro, reduzimos o tempo médio de 52 hora para 4 minutos, no que se refere à transferência eletrônica de documentos para desembaraço da carga".

A estratégia para adoção do Brasil-ID pelas empresas é usar somente os sistemas legados para conectar e validar os eventos de base da Nota Fiscal Eletrônica. "Estamos estruturando um piloto da origem do produto até chegar ao porto, acompanhando todo o caminho, inclusive sabendo se passou pelo posto de pedágio que consta no pagamento do frete. Hoje tem congestionamento de caminhões nos portos e, por meio desta rastreabilidade, podem-se criar bolsões para organizar o fluxo de chegada e saída de cargas".

Para Henrique Miguel, coordenador geral de microeletrônica do MCTI, o mais importante é a amplitude e o impacto que o projeto Brasil-ID pode ter do ponto de vista da sociedade. "Ter o pedágio eletrônico é importante, pois podemos ter melhores serviços, especialmente com cargas de alto valor, como os nossos próprios familiares. Esta é a grande motivação", afirmou Miguel.

"Na minha área especifica, vemos a possibilidade de produzir componentes que podem ser aplicados a este ciclo produtivo. Além disso, podemos incentivar as instituições de ensino e pesquisa e entender a importância de um projeto estratégico deste nível para todo o país. Existem oportunidades para as instituições de ensino e pesquisa, para as empresas de projetos de circuitos integrados e para as aplicações e demandas. Isto é uma oportunidade de futuro para o Brasil", concluiu Miguel.

(Fonte: RFID Journal Brasil  - 30/4/2014)