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Empresas apostam em internet 5G para gerar novos negócios

27/09/2016


A internet de quinta geração, ou 5G, além de aumentar a velocidade da conexão, promete chegar para organizar a convivência entre os smartphones e bilhões de objetos conectados, como carros e casas inteligentes. A tecnologia será o principal suporte para a Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês), que deverá demandar investimentos, entre 2015 e 2020, da ordem de US$ 6 trilhões, com um retorno de US$ 12,6 trilhões até 2025, conforme os dados da ferramenta de coleta Business Intelligence (BI).

Desenvolver todas as tecnologias necessárias para o 5G, no entanto, demandará esforço de muitos laboratórios de pesquisa, universidades e, essencialmente, recursos da iniciativa privada. Conglomerados mundiais já vislumbram as oportunidades trazidas pela internet de quinta geração. De acordo com um levantamento global realizado este ano pela empresa sueca de tecnologia Ericsson com mais de 650 CEOs (chief executive officer) e CTOs (chief technology officer) de vários setores industriais, 94% deles apontaram a conexão 5G como uma ferramenta transformadora e essencial para novos modelos de negócios na economia digital.

Segundo a vice-presidente de Estratégia da Ericsson na América Latina e Caribe, Carla Belitardo, empresas em todo o mundo veem o 5G como um "game changer”, que vai mudar as regras do jogo. "A latência zero [tempo de demora para resposta de uma demanda], por exemplo, permite eficiências como coordenar robôs ou fazer cirurgias remotas. Isso é muito útil na saúde, onde 94% dos CEOs da área entrevistados concordaram que o 5G será um transformador da indústria", relatou Belitardo, durante o painel "Expectativas da indústria para a tecnologia 5G", realizada nesta sexta-feira (23) no evento ICT Week, em Brasília (DF).

Aproveitar o alto teor disruptivo e tecnológico trazido com a 5G e investir nesse potencial foi apontado por Belitardo como estratégico para as empresas do Brasil. "O que chamamos de transformação digital de setores é o que queremos que as indústrias venham a conhecer, para que isso se gere demanda e, em cima disso, investimento. Assim, não ficamos atrás dos países desenvolvidos que já estão puxando o 5G de uma maneira bastante consistente", comentou.

Conforme as estimativas da Ericsson, um volume de US$ 800 milhões em receita poderão ser gerados no Brasil com os serviços disponibilizados pelo 5G em 2021 - caso a tecnologia seja implementada no País até lá.

Evolução

Com a implementação do 5G, não apenas as empresas, mas todo o ambiente de negócios precisará evoluir, na avaliação de Francisco Giacomini, diretor de Relações Governamentais da Qualcomm - empresa desenvolvedora de tecnologias móveis. "Deverá haver uma mudança de negócios. Até agora vivemos em um ambiente físico, onde se visa uma conectividade de um dispositivo para outro. Agora teremos que começar a criar modelos baseados em serviços", previu.

Giacomini alerta que o avanço da Internet das Coisas no futuro, propiciada pelo 5G, criará uma demanda crescente por serviços de várias naturezas. "Sensores que vão avisar quando a geladeira está vazia, quando a iluminação está mais fraca, carros inteligentes. Se pode desenvolver uma série de coisas para gerenciar, monitorar, usar. As empresas vão ter que evoluir bastante, de um modelo físico para um modelo híbrido, onde o serviço também será muito importante", ponderou.

"Vai revolucionar completamente a parte de negócios. Não se falava antes em conectividade de carros, por exemplo. Vamos precisar pensar na revolução que vai acontecer no sentido de novos negócios que vão surgir e na utilização dessa nova rede", acrescentou o especialista sênior em Redes Móveis da empresa Huawei, Rubens Mendonça.

Trabalho conjunto

A iniciativa público-privada em várias áreas também se mostra importante. Esta é a visão da vice-presidente de Estratégia da Ericsson, que vê a necessidade de compartilhamento de responsabilidades para o sucesso da rede 5G. "A gente não pode estar sempre esperando que o governo fará algo. A indústria tem que se mobilizar, com iniciativas de pesquisa, mas tudo em ações coordenadas. Quanto melhor o governo conseguir articular, coordenar iniciativas para que elas sejam efetivas, mais a gente ganha", disse Carla Belitardo.

Para o diretor da Secretaria de Política de Informática do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (Sepin/MCTIC), José Gontijo, o trabalho em conjunto entre Brasil e União Europeia (UE) tem sido uma das iniciativas fundamentais para desenvolver a tecnologia de 5G no País, reunindo representantes tanto do governo como das empresas e estimular cooperações. "Isso é essencial para termos força suficiente e escala para reduzir custos", revelou.

O ICT Week, realizado pelo MCTIC no âmbito do projeto Diálogo Setoriais Brasil-União Europeia, teve como uma das propostas criar novas parcerias entre entes brasileiros e europeus em áreas como o 5G. Pesquisas com a internet de quinta geração serão um dos itens contemplados pela cooperação entre Brasil e UE na 4ª Chamada Coordenada, prevista para ser lançada até dezembro.

(Agência Gestão CT&I - 23/09/2016)